sábado, março 03, 2012

Um Sábado Bilingue com José-Augusto de Carvalho


NOTAS DE VIAGEM - 4 

A mão esquerda de Camões é que me guia.
Poeta e vagamundo,
icei-me ao cesto da gávea.
Além de tanto mar, de tanto céu,
tentei enxergar morenas terras de Espanha
areias de Portugal.
Parti na busca ousada de mim.
Abri estradas molhadas de lágrimas
e vestidas de saudade e de escorbuto.
Entrevi, no manso marulhar, apenas a sedução
da sereia desnudada na brancura de noivar
de mantos de espuma e mito.
Perdido de mim na descoberta do mundo,
já não há morenas terras de Espanha
areias de Portugal.
Além de tanto mar, de tanto céu, só esta lenda de mim...

Poema cedido pelo meu estimado amigo José-Augusto de Carvalho. Viana*Évora*Portugal

NOTAS DE VIAJE - 4 

La mano izquierda de Camoens es mi guía.
Poeta y vagabundo,
me icé al cesto de la gavia.
Más allá de tanto mar, de tanto cielo,
intenté divisar morenas tierras de España
arenas de Portugal.
Partí en busca osada de mí.
Abrí rutas mojadas de lágrimas
y vestidas de nostalgia y de escorbuto.
Entreví, en el manso oleaje, apenas la seducción
de la sirena desnuda en la blancura del noviazgo
de mantos de espuma y mito.
Perdido de mí en el descubrimiento del mundo,
ya no hay morenas tierras de España
arenas de Portugal.
Más allá de tanto mar, de tanto cielo, sólo esta leyenda de mí...

(Traducción: Antonio Alfeca)
António Alfeca é um poeta andaluz, a quem devo a honra de me ter traduzido. José-Augusto de Carvalho.

2 comentários:

Helder Luz disse...

Assim que li este poema, recordei imediatamente o romance popular da Nau Catrineta. Devia eu ter uns 8 ou 9 anos de idade, quando a minha avó me introduziu ao poema publicado por Almeida Garrett no Romanceiro. Recordo ter decorado o poema, que me impressionou imenso.

Obrigado pela recordação. Tempos saudosos...

Fernando Torres disse...

É verdade Helder. Ainda me lembro como começava, "lá vem a Nau Catrineta que tem muito que contar"...
Abraço